MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
Secretaria de Educação
EMEB: ______________________________________________ DATA: _____________
NOME: ________________________________________________TURMA:_________
ALIMENTAÇÃO E CULTURA
OBJETIVO: Entender como a alimentação não é algo que tem apenas função de saciar a fome e nos manter saudável, é importante reconhecer o papel social e cultural e os conhecimentos construídos a partir dessa necessidade física.
ORIENTAÇÃO: Leia o texto abaixo do escritor e jornalista Roberto Pompeu, as músicas e faça a atividade solicitada.
A CULINÁRIA TAMBÉM É CULTURA
Cozinhar é uma arte: é preciso ter “mão” para doces e salgados. Milenarmente as receitas foram transmitidas de geração em geração, antes de surgirem
a imprensa e os livros de receitas. Mas os hábitos alimentares também foram se alterando de geração em geração: pratos antigos caíam em desuso, como a vitela com purê de rosas dos romanos ou o pão com cebola e cerveja dos antigos egípcios. E também a cada geração foram surgindo pratos novos, principalmente quando se difundiam novos ingredientes, como o açúcar que o Ocidente recebeu primeiro do Oriente e depois das Américas, ou o milho, a batata, a mandioca e o tomate, conhecidos só nas Américas antes de sua “descoberta” por Colombo. Alguns pratos tradicionais brasileiros têm origens curiosas. A feijoada, o prato nacional das grandes ocasiões, surgiu nas senzalas: as negras aproveitavam as partes do porco que os brancos desprezavam e jogavam fora, como os pés, rabo, orelha, focinho O cuscuz paulista era o prato habitual dos
bandeirantes em suas prolongadas expedições, pois seus ingredientes, a farinha de milho e o peixe seco, conservados em alforjes de couro, não se deterioravam e se mantinham comestíveis durante muito tempo. Os conventos de freiras, na Colônia, eram palco de experimentações culinárias com o então novo ingrediente, o açúcar. O antropólogo Gilberto Freyre anotou que as referências mundanas ficaram evidenciadas em nomes de doces como “baba de moça” e “beijo de frade”.
PRATOS TIPICAMENTE BRASILEIROS
De norte a sul do país, encontramos uma diversidade de ingredientes e pratos típicos para saciar qualquer apetite. Vocês com certeza devem conhecer e consumir alguns pratos que são tipicamente brasileiros. Veja abaixo pratos e as regiões onde são mais consumidos, com certeza irão identificar alguns.
Sudeste
Feijoada
Essa dispensa apresentações. A combinação de carne de porco com feijão preto ainda ganha acompanhamentos irresistíveis: couve, farofa, rodelas de laranja e arroz branco.
Veja abaixo mais uma lista de pratos, você saberia dizer de quais regiões eles são, se não souber pesquise ou pergunte para alguém da família ou no grupo de whatsapp:
Vatapá - Dorival Caymmi
Quem quiser vatapá, ô
Que procure fazer
Primeiro o fubá
Depois o dendê
Procure uma nêga baiana, ô
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Procure uma nêga baiana, ô
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Que saiba mexer
Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais
Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais
Amendoim, camarão, rala um coco
Na hora de machucar
Sal com gengibre e cebola, iaiá
Na hora de temperar
Não para de mexer, ô
Que é pra não embolar
Panela no fogo
Não deixa queimar
Com qualquer dez mil réis e uma nêga ô
Se faz um vatapá
Se faz um vatapá
Que bom vatapá
Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais
Bota castanha de caju
Um bocadinho mais
Pimenta malagueta
Um bocadinho mais
Amendoim, camarão, rala um coco
Na hora de machucar
Sal com gengibre e cebola
Feijoada À Minha Moda - Vinicius de Moraes
Amiga Helena Sangirardi
Conforme um dia eu prometi
Onde, confesso que esqueci
E embora - perdoe - tão tarde
(Melhor do que nunca!) este poeta
Segundo manda a boa ética
Envia-lhe a receita (poética)
De sua feijoada completa.
Em atenção ao adiantado
Da hora em que abrimos o olho
O feijão deve, já catado
Nos esperar, feliz, de molho.
E a cozinheira, por respeito
À nossa mestria na arte
Já deve ter tacado peito
E preparado e posto à parte
Os elementos componentes
De um saboroso refogado
Tais: cebolas, tomates, dentes
De alho - e o que mais for azado
Tudo picado desde cedo
De feição a sempre evitar
Qualquer contato mais... vulgar
Às nossas nobres mãos de aedo
Enquanto nós, a dar uns toques
No que não nos seja a contento
Vigiaremos o cozimento
Tomando o nosso uísque on the rocks.
Uma vez cozido o feijão
(Umas quatro horas, fogo médio)
Nós, bocejando o nosso tédio
Nos chegaremos ao fogão
E em elegante curvatura:
Um pé adiante e o braço às costas
Provaremos a rica negrura
Por onde devem boiar postas
De carne-seca suculenta
Gordos paios, nédio toucinho
(Nunca orelhas de bacorinho
Que a tornam em excesso opulenta!)
E - atenção! - segredo modesto
Mas meu, no tocante à feijoada:
Uma língua fresca pelada
Posta a cozer com todo o resto.
Feito o quê, retire-se caroço
Bastante, que bem amassado
Junta-se ao belo refogado
De modo a ter-se um molho grosso
Que vai de volta ao caldeirão
No qual o poeta, em bom agouro
Deve esparzir folhas de louro
Com um gesto clássico e pagão.
Inútil dizer que, entrementes
Em chama à parte desta liça
Devem fritar, todas contentes
Lindas rodelas de lingüiça
Enquanto ao lado, em fogo brando
Desmilingüindo-se de gozo
Deve também se estar fritando
O torresminho delicioso
Em cuja gordura, de resto
(Melhor gordura nunca houve!)
Deve depois frigir a couve
Picada, em fogo alegre e presto.
Uma farofa? - tem seus dias...
Porém que seja na manteiga!
A laranja gelada, em fatias
(Seleta ou da Bahia) - e chega.
Só na última cozedura
Para levar à mesa, deixa-se
Cair um pouco da gordura
Da lingüiça na iguaria - e mexa-se.
Que prazer mais um corpo pede
Após comido um tal feijão?
- Evidentemente uma rede
E um gato para passar a mão...
Dever cumprido. Nunca é vã
A palavra de um poeta... - jamais!
Abraça-a, em Brillat-Savarin
O seu Vinicius de Moraes.