Terça-feira, 26 de novembro de 2024 - 00:00:00

SBC

MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
Secretaria de Educação

EMEB: ______________________________________________ DATA: _____________

NOME: ________________________________________________TURMA:_________

 

ALIMENTAÇÃO E CULTURA

 

OBJETIVO: Entender como a alimentação não é algo que tem apenas função de saciar a fome e nos manter saudável, é importante reconhecer o papel social e cultural e os conhecimentos construídos a partir dessa necessidade física.

ORIENTAÇÃO: Leia o texto abaixo do escritor e jornalista Roberto Pompeu, as músicas e faça a atividade solicitada.

 

A CULINÁRIA TAMBÉM É CULTURA

Cozinhar é uma arte: é preciso ter “mão” para doces e salgados. Milenarmente as receitas foram transmitidas de geração em geração, antes de surgirem

a imprensa e os livros de receitas. Mas os hábitos alimentares também foram se alterando de geração em geração: pratos antigos caíam em desuso, como a vitela com purê de rosas dos romanos ou o pão com cebola e cerveja dos antigos egípcios. E também a cada geração foram surgindo pratos novos, principalmente quando se difundiam novos ingredientes, como o açúcar que o Ocidente recebeu primeiro do Oriente e depois das Américas, ou o milho, a batata, a mandioca e o tomate, conhecidos só nas Américas antes de sua “descoberta” por Colombo. Alguns pratos tradicionais brasileiros têm origens curiosas. A feijoada, o prato nacional das grandes ocasiões, surgiu nas senzalas: as negras aproveitavam as partes do porco que os brancos desprezavam e jogavam fora, como os pés, rabo, orelha, focinho O cuscuz paulista era o prato habitual dos

bandeirantes em suas prolongadas expedições, pois seus ingredientes, a farinha de milho e o peixe seco, conservados em alforjes de couro, não se deterioravam e se mantinham comestíveis durante muito tempo. Os conventos de freiras, na Colônia, eram palco de experimentações culinárias com o então novo ingrediente, o açúcar. O antropólogo Gilberto Freyre anotou que as referências mundanas ficaram evidenciadas em nomes de doces como “baba de moça” e “beijo de frade”.

PRATOS TIPICAMENTE BRASILEIROS

De norte a sul do país, encontramos uma diversidade de ingredientes e pratos típicos para saciar qualquer apetite. Vocês com certeza devem conhecer e consumir alguns pratos que são tipicamente brasileiros. Veja abaixo pratos e as regiões onde são mais consumidos, com certeza irão identificar alguns.

Sudeste

Feijoada

Essa dispensa apresentações. A combinação de carne de porco com feijão preto ainda ganha acompanhamentos irresistíveis: couve, farofa, rodelas de laranja e arroz branco.

 

Veja abaixo mais uma lista de pratos, você saberia dizer de quais regiões eles são, se não souber pesquise ou pergunte para alguém da família ou no grupo de whatsapp:

 

Vatapá - Dorival Caymmi

Quem quiser vatapá, ô

Que procure fazer

Primeiro o fubá

Depois o dendê

Procure uma nêga baiana, ô

Que saiba mexer

Que saiba mexer

Que saiba mexer

Procure uma nêga baiana, ô

Que saiba mexer

Que saiba mexer

Que saiba mexer

Bota castanha de caju

Um bocadinho mais

Pimenta malagueta

Um bocadinho mais

Bota castanha de caju

Um bocadinho mais

Pimenta malagueta

Um bocadinho mais

Amendoim, camarão, rala um coco

Na hora de machucar

Sal com gengibre e cebola, iaiá

Na hora de temperar

Não para de mexer, ô

Que é pra não embolar

Panela no fogo

Não deixa queimar

Com qualquer dez mil réis e uma nêga ô

Se faz um vatapá

Se faz um vatapá

Que bom vatapá

Bota castanha de caju

Um bocadinho mais

Pimenta malagueta

Um bocadinho mais

Bota castanha de caju

Um bocadinho mais

Pimenta malagueta

Um bocadinho mais

Amendoim, camarão, rala um coco

Na hora de machucar

Sal com gengibre e cebola


Feijoada À Minha Moda - Vinicius de Moraes

Amiga Helena Sangirardi

Conforme um dia eu prometi

Onde, confesso que esqueci

E embora - perdoe - tão tarde

(Melhor do que nunca!) este poeta

Segundo manda a boa ética

Envia-lhe a receita (poética)

De sua feijoada completa.

Em atenção ao adiantado

Da hora em que abrimos o olho

O feijão deve, já catado

Nos esperar, feliz, de molho.

E a cozinheira, por respeito

À nossa mestria na arte

Já deve ter tacado peito

E preparado e posto à parte

Os elementos componentes

De um saboroso refogado

Tais: cebolas, tomates, dentes

De alho - e o que mais for azado

Tudo picado desde cedo

De feição a sempre evitar

Qualquer contato mais... vulgar

Às nossas nobres mãos de aedo

Enquanto nós, a dar uns toques

No que não nos seja a contento

Vigiaremos o cozimento

Tomando o nosso uísque on the rocks.

Uma vez cozido o feijão

(Umas quatro horas, fogo médio)

Nós, bocejando o nosso tédio

Nos chegaremos ao fogão

E em elegante curvatura:

Um pé adiante e o braço às costas

Provaremos a rica negrura

Por onde devem boiar postas

De carne-seca suculenta

Gordos paios, nédio toucinho

(Nunca orelhas de bacorinho

Que a tornam em excesso opulenta!)

E - atenção! - segredo modesto

Mas meu, no tocante à feijoada:

Uma língua fresca pelada

Posta a cozer com todo o resto.

Feito o quê, retire-se caroço

Bastante, que bem amassado

Junta-se ao belo refogado

De modo a ter-se um molho grosso

Que vai de volta ao caldeirão

No qual o poeta, em bom agouro

Deve esparzir folhas de louro

Com um gesto clássico e pagão.

Inútil dizer que, entrementes

Em chama à parte desta liça

Devem fritar, todas contentes

Lindas rodelas de lingüiça

Enquanto ao lado, em fogo brando

Desmilingüindo-se de gozo

Deve também se estar fritando

O torresminho delicioso

Em cuja gordura, de resto

(Melhor gordura nunca houve!)

Deve depois frigir a couve

Picada, em fogo alegre e presto.

Uma farofa? - tem seus dias...

Porém que seja na manteiga!

A laranja gelada, em fatias

(Seleta ou da Bahia) - e chega.

Só na última cozedura

Para levar à mesa, deixa-se

Cair um pouco da gordura

Da lingüiça na iguaria - e mexa-se.

Que prazer mais um corpo pede

Após comido um tal feijão?

- Evidentemente uma rede

E um gato para passar a mão...

Dever cumprido. Nunca é vã

A palavra de um poeta... - jamais!

Abraça-a, em Brillat-Savarin

O seu Vinicius de Moraes.