Quarta-feira, 03 de Julho de 2024 - 00:00:00

SBC

MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO
Secretaria de Educação

EMEB: ______________________________________________ DATA: _____________

NOME: ________________________________________________TURMA:_________

 

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

Descrição da atividade: O objetivo dessa atividade é de realizar a leitura de um texto sobre animal de estimação e realizar uma produção de texto. 

Orientação para realização da atividade proposta: Conforme o material em anexo, a orientação é de que se realize a leitura sobre o autor do texto, faça a leitura da crônica e seja provocado a escrever sobre animal de estimação. 


NESSE PERÍODO EM QUE NÃO ESTAMOS INDO PARA A ESCOLA E ALGUNS NÃO ESTÃO INDO TRABALHAR, OS ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO DEVEM TER NOTADO UMA MUDANÇA NA NOSSA ROTINA, MAS DEVEM ESTAR CONTENTES, POIS GOSTAM DA NOSSA COMPANHIA.

SÃO ELES TAMBÉM QUE, MUITAS VEZES, TRAZEM TRANQUILIDADE E ALEGRIA NOS MOMENTOS DIFÍCEIS.

PORTANTO HOJE, EM HOMENAGEM A ELES, O CONVITE É PARA CONHECER A VIRGÍNIA, UMA CADELA DE UM AUTOR FAMOSO DE CRÔNICAS, MARCOS REY.

        QUEM FOI MARCOS REY?


Marcos Rey, também conhecido como Edmundo Nonato, nasceu em São Paulo, em 1925 e morreu em 1999, aos 74 anos de idade. Foi escritor, jornalista, radialista e editor. Dizia que aprendeu a ler nos livros de Monteiro Lobato, mas que a grande descoberta de sua vida seriam as histórias em quadrinhos. Aos 16 anos, publicou o primeiro conto, em 1941, no Suplemento da Folha da Manhã, que foi ilustrado por Belmonte, o grande desenhista da época. Em 1953, estreia no romance com Um gato no triângulo, a que se seguiram vários outros livros de sucesso.


Fonte: http://www.livronautas.com.br/ver-autor/174/marcos-rey

 

AGORA QUE CONHECEMOS UM POUCO DO AUTOR, VAMOS VER A HISTÓRIA DA VIRGÍNIA, OS MOMENTOS QUE ELA MARCOU O SEU DONO, QUE LEMBRANÇAS DEIXOU E ENTENDER POR QUE O AUTOR DEU ESTE TÍTULO PARA ESSE TEXTO:  O CÃO DOS CIGANOS

 

"O cão dos ciganos"

        Ela era uma cachorra incrivelmente sociável: adorava visitas e festas, ocasiões em que comia gelo, mas ficava ainda mais contente quando todos iam embora. Se os convidados eram poucos, sentava-se no divã e olhando para um e para outro prestava muita atenção na conversa. Essa postura humana, interessada, cortês, despertava comentários e ela gostava disso: ser alvo de atenção e elogios. Às tantas eu lhe pedia que fosse deitar. Entendendo, despedia-se com lambidas nas mãos ou no rosto dependendo de seu grau de intimidade.

        Não era uma cachorra treinada, apenas sabia abrir portas, forçando as traves metálicas com o peso de sua pata. A quem se admirasse, eu costumava dizer:

        - Sabe que joga xadrez?

       - Xadrez, a cadela?

        - Não se espante, até agora só conseguiu me ganhar duas partidas.

        Virgínia, era seu nome, e como tinha pedigree, possuía também sobrenome, Ebony Spots. Seus pais eram campeões de raça, tendo merecido manchetinhas nas colunas especializadas dos jornais. Virgínia, porém não fez carreira nas passarelas. Contentou-se em ser cão de companhia de um escritor r sua mulher.

       Não disse que se tratava dum dálmata, esses cães brancos com manchas pretas, de porte médio, uma das raças preferidas pelos produtores de desenhos animados e filmes comerciais para a televisão. Uma raça fotogênica, de linhas bem definidas, esperta e muito charmosa. Virgínia orgulhava-se de ser dálmata, tanto que frequentemente mirava-se no espelho.

        Durante quase toda a vida de Virgínia moramos num apartamento que possuía um imenso terraço florido. Sobrava-lhe espaço para correr, latir e viver. Contava, para diversão, até com um inimigo, certo gato da vizinhança, um provocador listrado, diário, que ajudava Virgínia a consumir ódios e erguer as orelhas. Nunca se pegaram porque o felino era medalha de ouro em saltos olímpicos.

       Um dia tivemos de mudar. Coisas da inflação. Mas todo o espaço de Virgínia não coube no caminhão de mudança. Ainda lembro dela, desamparada, sem chão, a percorrer o terraço e os cômodos vazios do apartamento. E lembro também dela, já no novo lar, pesquisando e medindo distância, mais curtas, menos arejadas, e sem nenhum verde. Seu mundo se encolhera e o que adiantava latir no meio de tanta poluição sonora?

      Os dálmatas sempre amaram a liberdade, bem que os ciganos lhes ensinaram. Viveram séculos em seus acampamentos, nômades como eles, na Dalmácia e outras regiões europeias. Daí essa amizade quase genética, registrada nos livros, entre dálmatas e cavalos, servidores dos gipsys. Devem ter viajado muito pelo mundo afora. Certa vez, num domingo de parque, Virgínia disparou e sumiu de minha vista. Fui encontrá-la bastante tempo depois, sentada sobre as patas traseiras, diante dum cavalo da guarda policial. Ambos sacudiam os rabos. Disse-me o policial que não era a primeira vez que um dálmata vinha conversar com seu cavalo.

        No seu novo endereço, Virgínia, da janela, só tinha automóveis para ver. Até do gato, seu tradicional inimigo, devia ter saudade. Comprei-lhe um bichano de plástico. Bastou um olhar para desmistificar o embuste.  Um dia soltamos a cadela nos jardins do edifício, muito necessitada de exercitar os músculos. Logo recebemos uma notificação: era proibido. Muito ofensivo principalmente para uma filha de tetra e pentacampeões, e que já tivera uma ninhada de primeira linha de seu acasalamento com o garboso Irã, um tricampeão nacional.

        O que restou à Virgínia Ebony Spots foi a janela. Era triste vê-la da rua, apoiada no peitoril, a espiar o movimento como uma velha senhora, ou solteirona, personagem de Tenessee Williams, à margem de tudo. À noite às vezes também freqüentava a janela, fixando o olhar num imenso cavalo de neon vermelho, do outro lado da rua, anúncio de marca de cigarros.

       Virgínia deu de dormir muito, só comer e engordar, perdendo a musculatura e as linhas harmoniosas dos dálmatas. E principalmente a vitalidade. Mesmo a afagos suas reações eram tardas e lentas. O pouco de sol que chegava ao living, filtrado entre os edifícios, mal lhe aquecia o corpo. Perseguia, parte da tarde, uma nesga morna e deslizante, ajeitando-se sobre ela para cochilar. 

       Uma veterinária disse que sua tosse era cardíaca, prenúncio do fim. Respirava com dificuldade, o que também sucedia aos humanos residentes no quarteirão. Ar e sol são produtos de luxo, para classe A, numa metrópole.

       Em seu último dia, Virgínia dormiu muito e sonhou demais. Seus sonhos eram elétricos, percorriam-lhe o corpo, que tremia, eriçavam-lhe os pelos. Devia estar sonhando com os ciganos, os alegres e livres gipsys dos Balcãs, a cantar e dançar, tocando suas rebecas. E foi como se eu visse o cavalo de neon vermelho do outdoor acordá-la com relinchos, levando-a para correr e brincar noutra floresta, verde e oxigenada, muito diferente daquela de asfalto e cimento.

Fonte:https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Cultura/noticia/2016/07/o-cao-dos-ciganos.html

NESSA HISTÓRIA O AUTOR INTERPRETA OS SENTIMENTOS DA CACHORRA, FALA DOS MOMENTOS ALEGRES E TRISTES, BEM COMO AS MANIAS QUE ELA TINHA.

E VOCÊ: TEM OU TEVE, OU TERÁ UM ANIMAL DE ESTIMAÇÃO? CONTE UM POUCO DOS SENTIMENTOS, MOMENTOS DE ALEGRIA, TRISTEZA, MANIAS, ASSIM COMO MARCOS REY. UM CONVITE A ESCRITA. REGISTRE NO VERSO OU EM FOLHA AVULSA.

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